Billie Holiday.
Esse é o nome que o Dr. Walter Figueira deu para a gatinha resgatada hoje à tarde de um cemitério da capital paulista. O nome é bem dado. Como a cantora mais melancólica do Jazz, nossa gatinha carrega muita tristeza e dor no pequeno corpo espancado e maltratado. Muitas escoriações, ouvido sangrando, dificuldade de locomoção. Ela é bem pequena, um mês de vida talvez. Seu tamanho não combina com a surra que recebeu.
Agora dorme sedada e alimentada. O dia de amanhã será duro para ela, e os próximos dias também.
Ela vai se salvar, vai sobreviver, crescer forte e saudável até ser adotada por uma alma que a queira para compartilhar alegria e amor.
Sabemos disso.
Entretanto, fica a pergunta. Uma pergunta sem resposta. E fica um desconforto, uma incapacidade de reconhecer que humanos são capazes de tal crueldade. E quanto mais olhamos nos olhos doloridos dela, mais estranho fica perguntar.
Por que?
Essa pergunta o Sr. Isolino faz há vinte anos.
Outro dia nos confessou não saber a resposta também.